quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Busque empatia e não aceite menos que respeito

Chamamos empatia a capacidade que uma pessoa tem de colocar-se no lugar de outra e de enxergar o mundo através de outros olhos. Isso não quer dizer que um concorde com as atitudes do outro, mas sim que é capaz de interpretá-las considerando o contexto, a personalidade e as aspirações do outro. Amigos, por exemplo, são capazes de entender as atitudes de seus companheiros, mesmo quando não concordam com elas.

Essa empatia existe por três razões: (1) as pessoas entendem que existem inúmeras “verdades” e pontos de vista; (2) respeitam esse ponto de vista e (3) procuram um relacionamento de longo prazo onde ambos são beneficiados (independentemente do ponto de vista).

Para as empresas, a empatia é extremamente benéfica e lucrativa. Saber colocar-se no lugar dos clientes, fornecedores e acionistas, por exemplo, é o caminho para criar relacionamentos rentáveis.

A empatia é uma habilidade que pode ser desenvolvida e que depende muito do ambiente interno das empresas. É o que acontece quando os valores dos clientes são colocados na vitrine corporativa. No entanto, é difícil ter empatia com todos. E, quando a empatia não existe o degrau mínimo a ser aceito deve ser o do respeito. Mesmo que o objetivo da sua empresa seja o dinheiro dos clientes (e somente o dinheiro dos clientes), ofertas enganosas ou mentiras são inaceitáveis. Além de antiéticas e antiquadas, essas estratégias são pouco rentáveis.

A era do “consumidor-cachorro”, que fazia tudo o que as empresas mandavam, acabou. Os consumidores de hoje, como os gatos, são mais independentes, pouco fiéis e exigem respeito. E, quem sabe, empatia.

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Modelos de negócio que você poderia estar copiando


Nos últimos meses eu vi uma porção de negócios bem interessantes e que ainda não existem (ou são pouco conhecidos) no mercado brasileiro. Está buscando algo para investir seu dinheiro? Aqui vão algumas boas idéias:

Pret a Manger
Cadeia inglesa de fast food saudável.
Por que é bacana: É uma rede com diversas lojas que, em comum, têm a parte visual, o cardápio e o fato de que todos os produtos foram produzidos na cozinha de cada loja. Nunca um produto é feito de um dia para o outro e nunca vem de uma fábrica ou algo do tipo. Garantia de comida fresca a cada refeição.

100 Montaditos
Um montadito é um sanduíche pequeno e simples, que geralmente tem só dois ingredientes (pão e algo mais, rs). E por isso, o cardápio da rede é amplo, mas bem simplificado: 100 tipos diferentes de montaditos (pão com queijo, com presunto, atum, maionese ou mesmo chocolate), algumas (poucas porções) e bebidas.
Por que é bacana: eles lucram com a venda de bebidas. Cada caneca de chopp ou tinto de verano custa 2€ (numa cidade que costuma cobrar entre 3€ e 4€ pela mesma coisa) e eles têm uma promoção bem bacana que faz com que, com a compra de uma bebida, o cliente ganhe um montadito. Resultado: você acaba pedindo bebida porque quer comer e comida porque quer beber.

Zara
A principal marca da Inditex (que recentemente protagonizou casos de trabalho escravo no Brasil) é provavelmente a loja de roupas mais estudada do mundo. Ok, você dificilmente conseguirá copiar o modelo de negócios e a incrível logística da Zara. No entanto, há algumas lições que podem ser copiadas.
Por que é bacana: A Zara não investe em publicidade. Você não vê anúncios da marca em revistas de moda, nem nada do tipo. Com o dinheiro que economiza aí, a Zara investe nos pontos de venda. A rede só abre lojas nas melhores avenidas de cada cidade ou shopping centers – muitas vezes comprando imóveis caríssimos.

Muji
Objetos e roupas para quem busca funcionalidade acima de tudo.
Por que é bacana: As roupas da Muji não têm etiqueta porque eles acham que a etiqueta incomoda. Todos os produtos, incluindo também móveis ou artigos para viagem, são pensados para ser o mais prático e funcional possível. E etiqueta não tem nada de funcional.

Ikea
Empresa sueca de móveis e decoração.
Por que é bacana: As Casas Bahia cresceram na base do crédito, a Ikea na base dos preços baixos e do design. Quem já entrou em uma das lojas sabe que a experiência de compra aí é incrível. É como se fosse uma Tok Stok gigante mais bem organizada e mais barata.

Tá, você dificilmente terá dinheiro para criar uma enorme fábrica de móveis como a Ikea. Mas a Tiger, por exemplo, aplica muitos dos conceitos da Ikea em um modelo de negócios bem menor. Eles têm lojas bem direcionadas (obrigam o cliente a ver todos os produtos antes de sair do ponto de venda), têm itens com design bacana e preços acessíveis – quase todas as qualidades que tornaram a Ikea o que é hoje.

Restaurantes de Madrid
Por que é bacana: é quase impossível sentar em um dos milhares de restaurantes da cidade e pedir uma bebida sem que te sirvam algo de comer. O custo é muito baixo e a sensação de poder comer uma porção de azeitonas sem que te cobrem o dobro do que você está pagando pela cerveja é imperdível.


Daqui a 5 anos, vai ter um monte de gente ganhando dinheiro com essas idéias e você vai estar pensando que deveria ter colocado-as em prática.

=)

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Nada como a ética dos negócios

(texto traduzido do ótimo Seth's Blog)

A teoria feliz da ética dos negócios é essa: faça o que é certo e você maximizará seus lucros no longo prazo.

Afinal, diz este pensamento, fazer o que é certo constrói sua marca, dá polimento à sua reputação, ajuda você a encontrar melhores funcionários e traz retorno para a comunidade, a mesma que irá comprar de você, em troca. Faça tudo isso e você ganhará dinheiro. Problema resolvido.

A teoria infeliz da ética dos negócios é essa: você tem a responsabilidade fuduciária de maximizar os lucros. Ponto final. Fazer qualquer coisa diferente disso é o mesmo que enganar os seus investidores. E, em um mundo competitivo, você não tem espaço para fazer algo muito diferente.

Para os que querem aproveitar a ética dos negócios, a teoria infeliz é um grande problema.

Conforme o mundo se torna mais complexo, conforme fica mais difícil enxergar o longo prazo (dadas às apostas de curto prazo que são feitas), conforme os negócios ficam menos transparentes (“que empresa fez o quê, exatamente?) e conforme a rede de interações torna difícil que uma pessoa assuma a responsabilidade, a teoria feliz desmorona. Afinal, se os efeitos de longo prazo de uma decisão hoje não puderem ter nenhum impacto sobre os lucros desse projeto que acabará em seis semanas, fica difícil argumentar que a maximização de lucros e o “fazer a coisa certa” estão conectados. A loja de bairro lucra muito pouco no longo prazo por seu bom comportamento se tiver que abandonar os negócios antes que o longo prazo chegue.

A verdade é que somente as pessoas podem ser éticas. Ética no sentido de fazer a coisa certa mesmo quando isso possa não beneficiar você ou a sua empresa financeiramente. Apontar para os números (ou para o chefe) é uma desculpa fácil para os que querem se esquivar do problema. No entanto, a encruzilhada é bastante clara: ou você trabalha com orgulho, ou trabalha para conseguir a maior quantidade possível de dinheiro. (Seria legal que as duas coisas coincidissem, mas isso raramente acontece).

“Eu apenas trabalho aqui” é pior desculpa possível para não ser ético. Eu preferiria trabalhar em uma empresa cheia de pessoas éticas que tentar buscar uma empresa ética. De fato, as empresas que consideramos éticas são assim porque pessoas éticas fizeram com que isso acontecesse.

Acho que nos absolvemos da responsabilidade quando falamos sobre éticas nos negócios ou responsabilidade social corporativa. Corporações são conjuntos de pessoas e devemos insistir para que essas pessoas (nós) façam a coisa certa. As empresas têm poder demais para que deixemos nossa humanidade na porta do escritório. Não se trata de negócios, é pessoal.

(Aprendi essa lição com meu pai. Todos os dias ele lidera dando o exemplo, construindo uma carreira e uma empresa baseada nas responsabilidades pessoais – e não nas queixas sobre o sistema sem coração que só foca o lucro).

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Liberdade de expressão é o primeiro passo para inovar

É isso está demonstrado por estudos bem bacanas. Dos países do leste asiático, qual é o primeiro que vem a sua cabeça quando o tema é inovação? O Japão, certo? É quem é o país mais conhecido por copiar que desenvolver? China? Taiwan?

Dêem uma olhada na tabela abaixo. Segundo Mapa Cultural de Inglehart, que, entre outras coisas, mede a auto-expressão em diferentes países, China e Taiwan ficam bem abaixo do Japão quando o assunto é expressar-se:

Em países como China e Taiwan, nem sempre os indivíduos tem liberdade para dizer o que querem. A conseqüência (modo generalizando ON***) é que as empresas destes países não são conhecidas por suas patentes registradas.

Quando o ambiente não propicia a troca de idéias e opiniões, é muito difícil que um processo criativo vire um produto. Para ser inovador sem compartilhar e debater, é necessário que uma única pessoa leve a cabo todo o processo de desenvolvimento (ter a idéia >> verificar viabilidade >> desenvolver os passos intermediários >> criar produto >> testar produto >> melhorar produto >> ...), e isso requer habilidades demais para somente uma pessoa. Por isso, os países que se expressam mais livremente costumam ser mais inovadores.

As empresas funcionam da mesma maneira. Se os funcionários não são incentivados a dizer o que pensam, se não têm abertura para criar, criticar e sugerir, dificilmente uma empresa será dinâmica como pedem os consumidores atuais.

Todas as empresas deveriam ter uma linha direta entre os que tomam as decisões e todos os outros funcionários. Isto pode acontecer com uma “caixa de sugestões” (uma que realmente funcione e premie as boas idéias), na figura de um embaixador de inovação (um sujeito responsável por reunir as melhores idéias e apresentá-las aos superiores) ou mesmo de uma administração por projetos, onde cada funcionário não está necessariamente alocado em um departamento ou setor, mas sim em um grupo de trabalho.

Quer inovar? Para isso é necessário um fluxo de idéias. Quer ter boas idéias? Deixe que as pessoas falem.

Quantos dos produtos que sua empresa vende não existiam a 5 ou 2 anos atrás? Há cinco anos, a gente nem falava de Facebook e Smartphones, direito... se os clientes mudaram, por que eles deveriam seguir comprando sempre as mesmas coisas?