quinta-feira, 29 de março de 2012

Fale bem ou falem mal, mas falem de mim



Qual o jeito certo de reagir à uma crítica? O Ser Humano é bicho estranho. A ciência chama de Ser racional, mas dá quase para trocar o termo por Ser emocional. Seja na vida ou nos negócios, críticas incomodam mesmos àqueles que sabem lidar com elas. Só que, diferente do lado pessoal, nos negócios as críticas precisam de um cuidado especial. No lado pessoal, é desconfortável você ser criticado perante seus pais, irmãos, tias e primos. Nos negócios, é a sua empresa que será criticada perante seus pais, irmãos, tias, primos E O RESTO DO BRASIL.

Um exemplo bem especial é o site Reclame Aqui, uma plataforma livre em que clientes podem postar suas reclamações e receber respostas diretamente das empresas pelo site. Grandes empresas lideram a quantidade de reclamações, como o caso do segmento de telefonia. Mas outras grandes empresas estão no ranking das que mais apresentam soluções, como o caso da Nestlé. As opiniões das empresas são divididas sobre os benefícios desse site.

Outro dia li uma entrevista com o sócio da Alcevi, uma agência de viagens de SP, em que ele afirmava que por mais que a reclamação seja resolvida, a marca da empresa – que foi construída durante 16 anos – fica manchada e isso traz problemas graves, como (por exemplo) a dificuldade em participar de licitações. Já a Rally, uma empresa de acessórios automotivos, enxerga como uma oportunidade para identificar falhas no processo. A empresa contratou transportadoras independentes para solucionar os problemas de entrega expostos por clientes no Reclame Aqui.

Para ilustrar o post, convido vocês a entrarem no site do absorvente interno O.B. Eles tiraram um produto do mercado americano e os clientes reclamaram demais por não encontrarem mais aquele modelo específico em farmácias e mercados. A O.B. encontrou uma forma muito inteligente – já que atingiu em cheio o Ser emocional – de consertar. O vídeo é um pedido de desculpas personalizado ao cliente. E ainda oferece um desconto na próxima compra. Confiram:

http://www.obtampons.ca/apology



segunda-feira, 26 de março de 2012

Profissional liberal, quem é que está vendendo o seu peixe?


Essa semana eu estava conversando com uma amiga, fisioterapeuta, sobre o negócio dela. No meio da conversa, ela me disse que algo que ficou na minha cabeça: “às vezes, a clínica fica vazia” e ela tem que passar um bom tempo lá “esperando os clientes aparecerem”.

É normal, principalmente no começo da carreira, que esses profissionais tenham tempo livre. Dentistas, advogados, nutricionistas e psicólogos, entre outros, costumam demorar alguns anos para deixar suas agendas sem buracos.

Mesmo com uma estrutura boa (consultórios e escritórios bacanas) e bom material de comunicação (cartão de visita arrojado, pequenos anúncios ou placas, site no ar), parece que fica faltando algo que só o tempo pode trazer.

Só que tempo é justamente o que sobra! Dinheiro falta, mas o relogio costuma andar devagar para essas pessoas. E como usar o seu tempo para ter menos tempo sobrando?!

- faça trabalho voluntário: ofereça seus serviços de graça a quem não pode pagar (gente carente, ongs, etc.). Tem gente que fala que você não pode dar o seu ganha pão de graça... eu discordo totalmente. Trabalhar de graça (para quem não pode pagar, que fique claro) te permitirá praticar o que aprendeu, trará recompensas emocionais e ainda será uma vitrine enorme para o seu trabalho.

- ofereça-se para dar palestras e entrevistas: você sabe alguma coisa que a maioria da população não sabe. Divida isso com os outros. As palestras e entrevistas são ótimas ferramentas de marketing pessoal e ainda te ajudam a se aprofundar seus conhecimentos.

- visite os especificadores: todo mundo tem que saber vender o próprio peixe. Quem pode te trazer novos clientes? Médicos? Associações? Empresas? Jornalistas? Pegue um pedaço do seu tempo livre e visite-os. Apresente-se para as pessoas que deveriam conhecer você.

- crie um blog: o blog reúne um pouco das três ações anteriores. Além de se informarem na internet antes de buscar qualquer tipo de profissional, as pessoas querem saber do que você é feito. Mostre que você tem conteúdo!

(ótimas) Sugestões da Loraine:
-para quem gosta de escrever, procure algumas revistas do seu segmento profissional e ofereça um artigo gratuito. Essas mídias correr demais atrás de pauta.

-além de fazer um blog, participe de outros. Rola bastante discussão nos comentários. Além de ficar conhecido, você aprende!

Tem espaço livre na agenda? Então mãos à obra!

quinta-feira, 22 de março de 2012

O Marketing da SUSTENTABILIDADE


Mais da metade de todas as emissões de carbono liberadas na atmosfera são geradas por cinco países – segundo ranking publicado em Dezembro de 2011 durante a COP 17: China, EUA, Índia, Rússia e Japão. O nosso Brasil vem logo em seguida, ocupando a 6ª posição e sendo responsável pela produção de 1.144 megatoneladas derivados do uso energético. Diante disso, o país vem fortalecendo as suas organizações socioambientais e, consequentemente, a quantidade de empresas engajadas nas questões sociais se multiplicam e buscam alternativas para contribuir com o meio ambiente.

A gente sabe que os consumidores estão mais exigentes e, mais do que isso, conscientes em relação às questões sociais. São inúmeras possibilidades na hora de escolher um produto ou um serviço, e com características cada vez mais semelhantes: preço, tamanho, design, especificações técnicas, etc. O bombardeio diário de informações sobre taxas, índices, participações, alianças, etc. que associam as empresas à ações sociais, faz com que o consumidor fique atento aos detalhes mais subjetivos no momento de optar pela empresa que irá atendê-lo. Ou seja, as empresas sentem necessidade de ir além e trabalhar por alguma causa, e não apenas para comercializar alguma coisa.

Ei, você aí do Marketing, consegue associar a marca da sua empresa em alguma ação de sustentabilidade - mesmo que ela for fabricante de pregador de roupa? Além de ficar bem visto pelo seu cliente, sua empresa contribui com o meio ambiente.

E lembre-se: não basta só fazer alguma coisa, precisa MOSTRAR ao cliente que você fez!

Veja algumas empresas que utilizaram o gancho da sustentabilidade em seus anúncios:







terça-feira, 20 de março de 2012

Crise? Empresas européias que ignoraram o caos de 2011

A lista de empresas abaixo tem algo muito bacana em comum: mesmo em tempos de crise (global/européia/americana), conseguiram ótimos resultados no ano pasado.

Como vocês poderão observar, esse sucesso deve-se a fatores de antecipação da crise e não de reação a ela. Ações como diversificação, internacionalização, aposta em segmentos diferentes (luxo ou jogos, por exemplo) são estratégias de longo prazo.

Moral de história: tenham planos B, C e D e se adiantem aos cenários possíveis. Nunca é demais.

Volkswagen
Resultado: recorde de lucro
Por quê? Teve boa ajuda das marcas de luxo como Bentley, Porsche e Audi.

L’oreál
Resultado: 5,1% a mais de faturamento
Por quê? Bons números em mercados emergentes como a América Latina.

Luxottica (fabricante da Ray-Ban)
Resultado: aumento de 13% no lucro
Por quê? (essa fica para vocês indicarem)

British Airways/Iberia
Resultado: Aumentou o lucro líquido de 10 para 555 milhões de euros
Por quê? A British Airways e a Iberia anunciaram a fusão em janeiro de 2011 para reduzir custos

Heineken
Resultado: lucro líquido global da Heineken cresceu 9,2%, somando 1,5 bilhão de euros.
Por quê? Cresceu mais de 6% só no Brasil

Casino
Resultado: os varejistas lucraram 568 milhões de euros em 2011, 6,6% a mais na comparação com 2010
Por quê? Forte crescimento nos mercados emergentes e pela recuperação na França no segundo semestre.

HSBC
Resultado: lucro 27,2% maior em 2011, totalizando 16,8 bilhões de dólares.
Por quê? Forte desempenho das operações comerciais, que ajudou a compensar os retornos mais fracos da divisão do banco de investimento.

Vivendi
Resultado: lucro líquido de 2,95 bilhões de euros em 2011, uma alta de 9,4% em relação ao ano anterior.
Por quê? Forte crescimento das atividades do grupo no Brasil com a GVT e a lucratividade excepcional gerada pelos videogames da Activision Blizzard.

Airbus
Resultado: crescimento de 87% no lucro em relação ao ano anterior
Por quê? Em 2011, o número de encomendas de aeronaves foi recorde também. No período, foram registrados 1.419 pedidos.

terça-feira, 13 de março de 2012

Mapas x GPS



No último post, bloguei um texto bem bacana do Pedro Camargo sobre o neuromarketing. O texto compara as pesquisas de mercado tradicionais (modelos como questionários, etc.), que “pedem” informação aos consumidores, com o neuromarketing, que “extrai” as informações diretamente do cérebro deles.

A tese do autor, mal resumindo, é a de que as pesquisas tradicionais são muito influenciadas pela memória dos consumidores e por seu estado de espírito, o que não traduz necessariamente a realidade. Além disso, este tipo de pesquisa cobre somente dados do passado e não assume que uma infinidade de eventos e comportamentos diferentes ainda possa acontecer e não foi considerada.

O neuromarketing, por outro lado, tem a capacidade de identificar comportamentos no momento em que eles ocorrem, captando-os antes de que passem pelos filtros emocionais.

Eu acredito que muito do futuro do marketing passa por estudos neurológicos, mas acho que esta é uma técnica que vai influenciar muito mais determinadas áreas que outras. O varejo, por exemplo, ficará cada vez mais adaptado às nossas reações físicas, mas outras áreas (como B2B, por exemplo) sofrerão pouca influência.

Hoje, a maioria das empresas não têm o que fazer com neuromarketing. Primeiro, porque não têm dinheiro. Segundo porque há inúmeras outras áreas a serem desenvolvidas e que farão mais diferença.

Neuromarketing é uma fronteira para as companhias que já têm seus mercados estagnados e lutam para crescer 0,05% a mais, dentro de um faturamento de centenas de milhões. A grande maioria das empresas, no entanto, ainda tem diversas frentes para trabalhar.

Se esse é o seu caso, continue fazendo as pesquisas tradicionais e usando os dados para agir. Mapa não é a mesma coisa que GPS, mas costuma funcionar tão bem quanto. E é muito mais barato.

segunda-feira, 12 de março de 2012

A pesquisa de mercado e a lógica do peru***

*** texto de autoria de Pedro Camargo, postado no Mundo do Marketing

Começo esse capítulo com a história que Nassim Taleb conta no livro “The Black Swan” e que permeia todo o seu pensamento: de que por natureza e aprendizado filogenético, temos mecanismos cerebrais que não nos permitem perceber os cisnes negros e apenas enxergar os brancos. Isto é, não nos atentamos ao que não aconteceu e poderia ter acontecido, eliminamos as incertezas e tomamos como padrão o passado.

Se ocorrer, poderá repetir-se, caso contrário não existe. O que é uma falácia enorme e uma miopia que assola as ciências sociais e atinge diretamente o marketing e suas ações com base no comportamento humano, incluindo-se ai a pesquisa qualitativa de comportamento do consumidor.

Um peru passa 1000 dias sendo alimentado e cuidado por seu dono e no milésimo primeiro ele, sem aviso prévio, é abatido. Esta aí uma metáfora prefeita sobre o tal do cisne negro a que Taleb se refere. Durante todo esse período o peru achou que estava amparado por alguém e adota um padrão de comportamento condizente com esse fato, sem pensar no que poderia acontecer algo inédito, não esperado.

Nós somos assim em nosso comportamento no transito, por exemplo. Nada vai me acontecer, porque até hoje não aconteceu! É o propósito da sobrevivência em nosso cérebro reptiliano que nos faz agir assim. Os empresários, com apoio da pesquisa de comportamento do consumidor, também tomam medidas, planejam ações para até 3.000 dias futuros em cima dos 1.000 dias que se foram. Ele é o peru que acredita fielmente no dono.

A questão é que nosso cérebro adota padrões ligados a acontecimentos passados e não conta com imprevistos futuros. E este mecanismo é ancestral e tem a função de tentar entender o mundo que nos rodeia. Mesmo quando planejamos o futuro é em função de fatos passados, dados do que já aconteceu e projeções em cima deles.

Assim é a previsão de demanda no Marketing e por isso é tão incerta. Na verdade não contamos com o inesperado, que pode acontecer, mais do que isso, o ignoramos sistematicamente. Nossos cérebros são fabricas de explicações que vivem atribuindo sentido a tudo, sempre buscando e acumulando na memória explicações para todas as ocasiões sem aceitar a idéia do imprevisto.

Na pesquisa de mercado, como é feita tradicionalmente, quando criamos as hipóteses já estamos eliminando o imprevisto, pois o relatado pelo consumidor deve encaixar-se numa das alternativas, no molde que criamos para identificar comportamentos de escolha e compra. As questões são armadas para chegar a um ponto em que se acredita ser chave e não livres para o sujeito consumidor divagar e se expressar sem um rumo, um norte já definido.

A pesquisa normalmente contempla apenas os mil dias idos do peru, sem pensar que num futuro próximo pode acontecer algo diferente do que se viu até então e sem deixar margens para o inesperado, o que seria o pulo do gato. Na verdade a pesquisa de mercado é confirmatória de algo que aconteceu, o que é um viés cognitivo.

Taleb tem uma expressão muito interessante para os outputs da pesquisa de comportamento do consumidor: “aprender de trás para frente”. Fato é que o que descobrimos do passado pode revelar-se irrelevante ou ainda enganador, falseando os resultados. Bem provável ser este o motivo de tantos novos produtos falharem e morrerem cedo demais, mesmo a empresa tendo feito pesquisa de mercado de intenção do consumidor.

A pesquisa de neuromarketing é diferente e promissora porque não trabalha com o passado, mas sim com tecnologias que revelam o estado comportamental atual do sujeito. Ele olha o produto e a ressonância magnética ou o eletroencefalograma assim como o eye tracking detectam momento a momento (milisegundos) as reações cerebrais do indivíduo. Já a pesquisa tradicional, trabalha com a memória do consumidor, que está sempre sujeita a enganos, falsas memórias, transitoriedade e outras facetas que explico melhor na parte III em que trato dos vieses.

A memória conta com o hipocampo que armazena lembranças significativas para o indivíduo, e ela é acionada de maneira indireta, com perguntas escritas ou faladas, sem se fazer uma observação direta na área cerebral. As novas técnicas de pesquisa do comportamento do consumidor são diretas, isto é, vão ao cerne do comportamento, ao órgão que os produz.

1.000 dias do peru não indicou o que viria a seguir. Essa afirmativa ilustra exatamente que o passado não lhe garante que vai acontecer no futuro, como espera a pesquisa de marketing. Mas com as novas técnicas podemos entender o que acontece no presente de maneira direta, indo especificamente ao cérebro do consumidor. Não quero dizer que os métodos de neuromarketing são infalíveis, como pregam muitas empresas que vendem este tipo de pesquisa, mas que podem junto com outras técnicas, chegar perto do real comportamento do consumidor.

Não se pode ser ingênuo de acreditar que apenas uma ferramenta nos dirá tudo sobre um ser tão complexo e por outro lado não se pode negar a importância e vitalidade do estudo das reações orgânicas na influencia do comportamento.

* Pedro Camargo é consultor, conferencista e professor de pós-graudção em Neuromarketing e Biologia do Comportamento do Consumidor.

domingo, 4 de março de 2012

Verdades absolutas


Você sabe o que aconteceu na Inglaterra no dia 08 de setembro de 1752? Eu te desafio a listar qualquer evento que tenha ocorrido em Londres nesse dia. Sabe por quê?

Porque nem o sol nasceu para os ingleses no dia 08/09/1752. Ninguém respirou. Nenhuma semente floresceu. Ninguém morreu. Ninguém fez uma pesquisa sequer no Google.

Quando o imperador romano Julio Cesar abandonou o ciclo lunar e instituiu o calendário guiado pelo sol, um erro de cálculo fazia com que cada ano perdesse 11 minutos, o que, em mil anos, gerou uns 7 dias de atraso.

Ora, Julio Cesar não contava com os cálculos dos astrônomos e matemáticos de 15 séculos depois. Quando essa situação foi descoberta, em uma canetada, o Papa Gregório XIII anulou os dias entre 5 e 14 de outubro de 1582, em Portugal, na Espanha e em outros países.

Aí é que a coisa ficou ainda mais bizarra e o mundo passou a ter dezenas de calendários. A Inglaterra só reformou o seu em 1752. O Japão, em 1873. E a Rússia finalmente acompanhou a valsa do relógio em plena revolução de 1918.

Mapa-mundi desenhado por um chinês no Séc. XV
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A história nos ensina que inúmeras “verdades” não são tão reais assim. No cotidiano das empresas, vários pilares também sustentam práticas que não são (ou não precisam ser) legítimas.

“Ah, isso não funciona aqui”. Não mesmo?