sábado, 22 de janeiro de 2011

A indústria de notícias também pode ir bem na era digital

"Rede mundial de computaoquê?!!"

Assim como a indústria da música, os jornais também tiveram seus negócios bastante afetados pela chegada da internet. Para tentar medir como isso acontecia, comparei a circulação dos jornais em alguns países com o número de usuários de internet daquele país e descobri uma coisa (que todo mundo já sabia, rs): a popularização da internet está influenciando - e muito - o modelo de negócio dos jornais impresso. Vejam os gráficos abaixo:

Circulação de jornais – Comparativo 2000 x 2006 (Circulação Média/ Pop. Adulta)

Fonte: Associação Mundial de Jornais (WAN). Associação Nacional de Jornais (2009).

Número de usuários de Internet

Fonte: United Nations (2010)

Hoje, através da internet, as pessoas se informam mais rapidamente e pagando menos do que faziam há alguns anos, quando assinavam seus jornais de papel.

Além disso, os classificados, que chegaram a representar 1/5 da receita de alguns veículos, também parecem funcionar melhor na sua versão virtual. Ou seja, em menos de 10 anos, os jornais impressos perderam uma enorme fatia de seus leitores, de seus classificados e – consequentemente – de seus anunciantes.

E como poderiam sobreviver a uma crise tão importante quanto essa? Talvez, mudando o modelo de negócio para se adaptar às necessidades dos leitores do séc. XXI. A maioria dos veículos de mídia impressa tem reagido dentro do mesmo modelo, em duas frentes:

- Alguns oferecem conteúdo online para os leitores, mas sem conseguir atrair o mesmo número de leitores e de anunciantes. Outros lançam versões freemium de suas edições, tornando parte do conteúdo gratuita e o restante acessível através de um pagamento ou assinatura.

- Outras empresas reagiram com mais agressividade, baixando ou anulando os preços de suas versões físicas e sobrevivendo exclusivamente da receita proveniente dos anunciantes. Este modelo tem funcionado bem em muitos países, como Brasil, Espanha e Inglaterra, especialmente nas grandes cidades. Contudo, essa alternativa me parece um pouco limitada. Em pouco tempo os notebooks, e-readers e celulares com acesso a internet também chegarão às massas e então, novamente, a concorrência será desleal.

Imprimir 500 mil cópias diárias e pagar todo um sistema de distribuição ou criar um site? Qual é o custo variável de cada edição virtual de um jornal? E da versão física? Quem você acha que vai ganhar a corrida? “Enfrentar grátis com grátis não funciona”.

Como reagir?

As idéias abaixo provavelmente também não funcionariam, rs, mas são alternativas que parecem ter um pouco mais de futuro do que as já apresentadas:

1) Micropagamentos

Esta é uma opção que ainda não vi nenhum jornal colocar em prática. Trata-se de uma das estratégias que está sendo utilizada pela indústria da música para combater a pirataria e a troca de arquivos mp3. Em sites como o itunes, você descarrega a música que mais gosta e paga somente por ela – não é preciso comprar todo o CD.

Por que, então, vender todas as notícias em um só pacote? Oferecer somente as manchetes (e/ou parte de cada texto) e o acesso completo mediante um pagamento ínfimo pode funcionar.

Por exemplo, vamos pensar em um homem de 40 anos, casado, que trabalha em uma empresa grande e com um cargo intermediário. Ele quer se manter atualizado e não acredita que pode fazer isso somente lendo as manchetes do dia, mas não faz questão de passar 1h lendo o jornal inteiro.

Ele escolhe: 2 notícias de esporte (R$ 0,05 cada), duas colunas que lhe interessam (R$ 0,20 cada), 4 notícias de economía (R$ 0,05 cada) e 2 sobre política (R$ 0,05 cada). Total, 80 centavos debitados diretamente em seu cartão de crédito. Nada mal para um jornal que praticamente não gastou nada com gráficas ou distribuição.

Este modelo permitiria que as pessoas escolhessem somente os assuntos que os interessam. Por outro lado, a empresa jornalística poderia ter controle sobre cada um de seus produtos (notícias, artigos, etc.) e sobre a produção de seus empregados. Por fim, o diferencial de qualidade seria incentivado, já que o nível de detalhamento e qualidade dos textos é recompensado diretamente pelos leitores. Neste modelo, as empresas jornalísticas não poderiam apenas replicar as informações de agências como AP, EFE ou Europa Pres.

2) Especialização

Este modelo é mais próximo do atual e se baseia no seguinte: há empresas em todo o mundo que dependem de informações de qualidade e bem organizadas para seus negócios. Muitas delas, além de assinarem diversos periódicos (será que existe um banco que não assina o Valor Econômico, por exemplo?), contratam serviços de Clipping, pedindo para que outras empresas (ou funcionários) selecionem as notícias que um gerente ou diretor “deve” ler a cada dia.

Quem melhor para fazer esta filtragem que o próprio jornal? Por que não criar uma rede de informação econômica 3x melhor que a Gazeta Mercantil e o Valor Econômico juntos e vendê-la por, digamos, 5 mil reais por mês para bancos e fundos de pensão? Por que não deixar que, por este preço, os clientes conversem com os jornalistas e analistas, troquem idéias, sugiram pautas e peçam análises específicas?

A internet ainda não conseguiu organizar e análisar o enorme volume de informação que produz – o jornal, sim. Oferecer um serviço de primeira para quem pode pagar é uma alternativa possível. A Espanha tem atualmente cerca de 1700 empresas com mais de 500 funcionários. O Brasil deve ter ainda mais.

Que benefícios este serviço traría para estas empresas?

Qual o impacto de 5 ou 10 mil reais no orçamento de uma empresa com mais de 500 funcionários (cuja folha de pagamento mensal deve superar a barreira de 1 milhão de reais)?

3 comentários:

  1. Eu estava lendo a sugestão 01 e me surgiu o pensamento de algo similar a sua sugestão 02. Rsrs.

    Fugindo um pouco do tema em si (jornal impresso): gerenciando bem o que disse na sugestão 01, dá para criar diversas ações de Marketing e outras fontes de renda!

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  2. Um comentário bem informal, de quem não entende nada de marketing... hehe
    os jornais impressos não podem acabar, assim como os livros tb,
    o café da manhã não teria a mesma graça sem o jornal aberto do lado (nao que eu tenha essa hábito, mas para aqueles que têm =)

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  3. Por favor, contratem eu e Loraine para consultorias sobre micropagamentos. Qualquer salário de 25mil por mês nos tira de nossos atuais empregos. Obrigado.

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    Thá, eu acho que esse dia não tá tão longe assim... cada vez menos gente tem esse hábito. Só falta a tecnologia ficar um pouquinho mais barata.




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