segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Como pavimentar o caminho para a gerência, segundo Mintzberg




O Santo Graal dos aminsitradores são os cargos de gerência e direção. É nesse patamar que eles, podem, efetivamente, “administrar”. Nossa geração, sobretudo, mal pode esperar para subir os degraus da hierarquia e começar a mandar em alguém. Afinal, é no topo da cadeia que estão os maiores desafios e os maiores salários.

Henry Mintzberg explica que, “na cúpula estratégica, o trabalho é menos programado e, portanto, devemos encontrar condições altamente orgânicas”. Segundo ele, este cenário flexível (orgânico) de que disfruta a direção das empresas se traduz em rotinas mais variadas, regras menos aparentes e burocracia limitada. Quer lugar melhor para trabalhar?

Os funcionários do baixo escalão, que Mintzberg chama de Núcleo Operativo, tendem a ter tarefas mais específicas. Estes são treinados para dominar muito bem algumas poucas atividades. Nessa área exemplificada pelos “Tempos Modernos”de Chaplin,  a produtividade individual é meticulosamente avaliada – por isso os empregados tendem a ter atividades mais repetitivas.

Não há nada de errado com o núcleo operacional. Mas, se você quer chegar aos postos mais altos, será necessário ampliar os horizontes. “Os papéis que os gerentes desempenham são tão variados e tanta mudança é exigida deles no curso de qualquer dia de trabalho que as tarefas gerenciais são, tipicamente, as menos especializadas na organização”, explica Mintzberg.

De acordo com essa visão, o caminho para a gerência é tortuoso e multidisciplinar. Transitar por diversas áreas é tão ou mais importante que dominar bem alguns processos. Talvez por isso sejam mais comuns os presidentes que vem de áreas como marketing e vendas que os oriundos de áreas como pesquisa e produção.

terça-feira, 4 de dezembro de 2012

Melhores ações de marketing 2012

Bela seleção do Mundo do Marketing, que agrupa alguma das melhores ações de marketing de 2012.

http://www.mundodomarketing.com.br/reportagens/mercado/26112/10-melhores-acoes-de-marketing-de-2012.html

Eu, particularmente curti muito essas 3:

Hellmann's - útil, personalizada, atenciosa e ousada. Impecável.
Kibon - Altíssimo impacto emocional, gasto praticamente nulo.
Spoleto - Poucas vezes vi uma marca lidar tão bem com reclamações de consumidores. Principalmente na web. Transparência é a bola da vez.

Aqui vão os vídeos das duas últimas:

Kibon

Spoleto

quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Marketing todo dia

Esses dias recebi a visita de um aluno do ensino médio, que estava em processo de orientação vocacional. Ele queria conversar comigo um pouco sobre meu cotidiano e fazer umas perguntas sobre como seria a sua vida profissional, caso ele escolhesse trabalhar com marketing.

A conversa foi uma oportunidade rever o que me trouxe até aqui e as escolhas que fiz na minha “carreira” (não dá para chamar de carreira ainda, né?!).

Na minha época de vestibulando, eu queria estudar publicidade e propaganda. Gostava bastante de comunicação e de administração, mas como detestava as aulas de matemática, optei pela primeira. Nenhuma universidade pública da região tinha publicidade na grade de cursos, e acabei, então, escolhendo jornalismo. A profissão me agradava e graduação reunia 3 coisas muito importantes: eu passaria mais alguns anos estudando lingua portuguesa e história (o que eu adorava) e ainda teria a chance de “mudar o mundo”, como todo jornalista sonha fazer.

Até hoje acho que jornalistas estão em posição de vantagem para detonar mudanças ao seu redor, mas agora entendo que isso não depende da profissão, mas sim do grau de comprometimento das pessoas com as atividades que realizam.

Minhas paixões continuam parecidas, não foi por isso que eu me afastei da trilha do jornalismo. A minha sorte foi que meu primeiro emprego na área foi o de Auxiliar de Comunicação e... marketing! Aí, já viu...

Minha vida profissional é relativamente curta, mas a quantidade de projetos nem tanto. Trabalhei em diversos setores (alimentação, entretenimento, educação, indústria, TI, cultura, governo, etc..) e em diferentes situações (empresas nadando de braçada, em crise, começando, já em fase de renovação, como funcionário, gerente, sócio...).

Aos futuros marketeiros, o que eu tenho a dizer é: vida de profissional de marketing, pelo menos a dos que eu conheço, é uma mistura de Excel+Outlook+PowerPoint, programas que exemplificam 3 características-chaves para essa carreira.

Excel / Capacidade de análise
Essa é a característica mais importante. Saber (e gostar de) lidar com uma montanha de dados que incluem informações tão diferentes quanto a novela de maior audiência, localização de postos de gasolina e resistência de uma caixa de papelão. Mergulhar em dados, enxergar padrões e refletir sobre como isso afeta a vida da sua organização é provavelmente a principal característica buscada nos marketeiros de hoje.

Outlook / Trabalho em grupo
90% do seu trabalho será feito por outras pessoas e seu resultado será diretamente afetado pela qualidade da equipe de vendas, da revista em que você escolheu anunciar, do designer eleito para tocar o projeto... Saber encontrar as pessoas certas e lidar com pessoas diferentes é crucial.

Power Point / Capacidade de síntese e de persuasão
Os 10% restantes das atividades que você terá que desenvolver são compostos de criar idéias, vendê-las a outras pessoas e levá-las a cabo. Aprenda a transformar ótimos insights em apresentações de 5 minutos. Treine compilar relatórios de 47 páginas em uma inspiradora frase.

No vídeo abaixo, vocês encontrarão um exemplo dessas 3 coisas. É uma apresentação curta, mas densa. Que reúne montanhas de dados e o trabalho de milhares de pessoas em gráficos de fácil compreensão. Que enxerga padrões e traz soluções e análises supreendentes (e surpreendentemente práticas).




sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Sempre tem alguém olhando


Peço licença ao Ricardo Jordão, da ótima BizRevolution, para bloggar um post que ele publicou hoje e que tem muito a ver com o que eu escrevi essa semana:
Melhor 

Nas duas empresas em que eu trabalhei: Brasoftware e Tech Data, eu nunca fui reconhecido pelas pessoas que deveriam reconhecer.

MAS, eu sempre fiz o meu melhor, e esse melhor sempre foi reconhecido por outras pessoas que acabaram me ajudando em muitas outras coisas.

Portanto, FUCK OFF o seu chefe, ou os caras que não reconhecem o seu trabalho, se você fizer o seu melhor, alguém está sempre olhando, e vai te recompensar de alguma maneira.

ACREDITE NISSO!

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Não feche a porta


Todos os empregos que tive até hoje, foram indicação de alguém ou, no mínimo, recebi uma recomendação que me permitiu participar do processo de seleção.

E olha eu tenho mania de dar opinião em tudo (“Sério? Nunca esperaria isso de alguém que tem um BLOG!”). Mesmo assim, saí com bons relacionamentos de todos os lugares em que trabalhei. Isso não quer dizer que eu tenha dito “amém” para todo mundo ou que tenha ficado puxando saco dos meus chefes. Só quer dizer que eu soube levar as minhas divergências no nível profissional.

Quando as pessoas decidem resolver problemas profissionais com reações pessoais, a conversa já começa perdida. Reclamar da D. Aurora é muito diferente de apresentar argumentos sobre o desempenho da secretária (cargo ocupado por ela). Brigar com o Roberto, seu chefe, é pouco frutífero, o contrário do que acontece quando você tenta contrapor, profissionalmente, algumas idéias dele.

O que você faz com na sua vida profissional fica mais exposto do que você faz na internet, para o bem e para o mal. Se você arrumou um escândalo no escritório há 5 anos, pode ter certeza de que alguém na sua sala atual conhece a história.

Por que eu estou falando disso? Porque hoje eu tive a oportunidade de indicar uma pessoa para uma vaga e logo me veio um ex-colega de trabalho na cabeça. Ia ser ótimo para ele e o perfil dele é exatamente o que pediam, exceto...

Exceto pelo comportamento dele quando foi demitido da empresa em que trabalhávamos. Ele tinha razões para ficar, profissionalmente, chateado. Mas meteu os pés pelas mãos, levando a história para o lado pessoal e brigando com o chefe.

A vida profissional já tem uma série de barreiras que foram erguidas sem a nossa participação. Para que construir mais?

Carreira é relacionamento e compromisso. Marketing pessoal é relacionamento e compromisso.
Não feche a porta.


quinta-feira, 16 de agosto de 2012

450 mil fãs de facebook em menos de 1 ano (e sem promoção!)


Há algum tempo assisti a uma palestra do Arnold Oliveira, da OLX, sobre como usar Facebook como plataforma para impulsionar negócios. A palestra era gratuita, pública e foi parte do CicloMpe.net de Londrina (iniciativa bacana!).

Para quem não conhece, a OLX é uma página de classificados de “praticamente tudo” – de imóveis a caronas. Isso em si já traz um bônus para a estratégia de comunicação da marca, já que, uma vez que anunciam produtos e serviços dos mais diferentes setores, a gama de assuntos que eles podem abordar é enorme.

Contudo, existem inúmeros sites de classificados ou compras coletivas, por exemplo, que contam com o mesmo benefício. O que a OLX fez de diferente para passar de 15 mil para 470 mil fãs em nove meses?

A estratégia deles é simples, com você verá abaixo. O site não tem um visual refinado e as campanhas no Facebook também não. Aliás, “pouco refinadas” é eufemismo: o negócio é meio tosco mesmo. O conteúdo, no entanto, é poderoso. Eles se apropriam de praticamente tudo que é hit na internet e ligam esses assuntos às categorias de anúncios. Vale cachorro com cara de preguiça vendendo anúncio de hotel e engarrafamentos monstruosos incentivando a compra de motos.





As imagens são sempre postadas com links para alguma parte do site. Os assuntos e imagens são escolhidos pelo seu potencial de difusão. Quanto mais viral, mais retorno. Muito retorno. Há posts que superam os 6 milhões de impactos em 1 semana!

Eu particularmente não gosto muito de fotos de gatinhos fofos, mas tenho que tirar o chapéu para os caras. São poucas empresas que podem apresentar cases como esse. Aqui vai o que o Arnold chamou de “receita do bolo”:

- postar algo quatro vezes por dia, todo dia
- equilibrar conteúdos de interação e materiais corporativos (metade dos posts diretamente relacionados ao negócio, metade não)
- privilegiar horários noturnos e finais de semana.
- fazer testes: quais são os horários que geram mais retorno? Postar de manhã, de madrugada, na hora do almoço...
- sempre curtir as interações dos fãs e responder com rapidez
- indicar produtos e serviços de acordo com o retorno dos fãs
- usar linguagem informal

segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Eu quase não gosto de vídeos, então...



Uma boa idéia da Coca Cola, que confirma a máxima do "O conteúdo é o rei" (Content is king).
Boa semana a todos!

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Construa sua própria base de contatos

Valei-me nossa senhora do blog abandonado!
Estamos de volta, para falar um pouco sobre a importância de se manter uma base de contatos própria.

A tendência é que o volume de tráfego na internet se transfira cada vez mais da web livre para uma web com donos. Explico: hoje passamos mais tempo em propriedades privadas na internet (leia-se facebook, apps, msn, twitter, instagram, youtube, etc.) que na própria web em si.

Esse é um movimento já antigo e que trouxe uma implicação direta nos departamentos de marketing. Encontrar consumidores na web significa ir até onde os consumidores estão. Por isso, as marcas têm corrido atrás de fãs de facebook, seguidores de twitter, etc. Departamentos de mídias sociais são criados, métricas são desenvolvidas e muito mais.O objetivo, repito, é sempre criar pontos de contatos com os consumidores.

Uma estratégia válida, mas que, no entanto, tem um ponto falho. Quanto vale uma página com 20 mil amigos no Facebook? E uma comunidade com 20 mil pessoas no Orkut? A segunda vale menos, certo?

E o que acontece com todo o seu esforço para atrair fãs no Facebook se o Mark Zuckerberg tirar o site do ar na semana que vem? Se o Facebook e Twitter seguirem o mesmo caminho do Orkut e do Fotolog (e os exemplos históricos de Cadê, Aol, e ICQ indicam que é provável, cedo ou tarde) e você não tiver usado estas mídias para abastecer a sua própria base de contatos, o seu investimento todo virará pó.

Para que isso não aconteça, aqui vão 3 dicas:
- Invista sempre em uma rede de cadastro própria (emails, newsletters, etc.)
- Não é o número de fãs no facebook que importa. O Facebook é uma mídia. O que importa é o conteúdo que está sendo publicado - e este conteúdo será carregado por você onde quer que você esteja.
- Crie um blog ou aplicativos. Crie a sua própria web!

sábado, 14 de julho de 2012

Empreendedores: sobrevive quem se adaptar mais rápido


Nos últimos posts, falamos sobre empreendendorismo, gerações de consumidores (X, Y, Baby Boomers...) e também sobre mudanças. Essa semana eu li um artigo bem interessante que integra um pouco toda essa discussão e ainda traz um tempero bacana. A idéia é mostrar como os empreendedores, as pequenas empresas e, de forma análoga, a nossa geração, podem mudar as regras do jogo.

O ambiente comercial de hoje é muito mais hostil que o de 100 anos atrás. Há pouco tempo, ser grande era o suficiente para ter sucesso. Nesse contexto, quanto maior a empresa, maiores as vantagens competitivas, a capacidade de influência, e quantidade de cartas na manga. Havia muito espaço para errar porque a concorrência era menor e as falhas demoravam mais para reverberar. Nessa selva, era o leão o rei da cocada preta.

Atualmente, é a orientação empreendedora e inovadora que garante o êxito, tanto em pequenas quanto grandes empresas. Campos, Parra e Parellada, no artigo “The Entrepreneurial Orientation-Dominant Logic-Performance Relationship in New Ventures” (o arquivo a que me referia no primeiro parágrafo) afirmam que a relação entre uma orientação empreendedora e a performance do negócio é alta. Ou seja, quanto mais empreendedora a empresa, melhor seu desempenho.

E dê uma olhada em quais são as principais características empreendedoras apontadas pelo estudo: capacidade inovadora, propensão a assumir riscos, proatividade, agressividade competitiva e autonomia. Essas características não são as do competidor mais forte – são as do mais rápido.

Na briga de hoje, ganha quem é mais dinâmico e se adapta melhor. Nesse ambiente agressivo, quem você acha que será extinto? O leão ou a gazela? A baleia ou a barata?


Lionel Messi: velocidade, agilidade e rápidas mudanças de direção

sexta-feira, 22 de junho de 2012

Ame o seu trabalho!


"Excelente vídeo, vale a pena conferir!", disse o Rafael Simon.
E eu concordo!



Nossa geração vai mudar o mundo trabalhando. O senso de comunidade é cada vez maior. A gente nasceu predisposto a mudança. É só manter os valores certos (integridade, respeito, disciplina...) que o planeta tá garantido.


A Rio+20 tá sendo um lixo porque esse povo é engessado demais.
A Rio+40 que nos aguarde.


Aliás, a gente tá marcando bobeira de esperar a Rio+algumacoisa.


=)


quarta-feira, 13 de junho de 2012

Quer ter um produto popular? Aprenda a lidar com o cliente popular

Se você vai lançar um produto, tenha certeza de que ele está acabado e pronto para colocar na prateleira. Entenda de uma vez por todas: o seu cliente não vai te perdoar se ele comprar um produto mal-acabado, estragado, pela metade, com defeito. Teste o seu produto até ter certeza de que ele pode ir para o mercado. Gaste anos testando ele, mas só lance se você garantir que ele vai funcionar. Também não importa se você avisou o seu cliente que aquela era uma versão beta: ele não vai lembrar disso quando o produto não funcionar. Sabe por que? Porque o seu cliente planeja antes de comprar. O dinheiro do seu cliente não nasce em árvore e ele não tem notas sobrando debaixo do colchão. Ele poupa, pesquisa, pensa e repensa. O seu cliente vive no século XXI: ele é inteligente, tem acesso à informação e sabe dos direitos dele. E quando ele decide comprar, ele cria expectativa. Muitas vezes, ele realiza um sonho.  E se, infelizmente, você cometer uma falha e entregar um produto inacabado, se coloque no lugar dele. Não importa se você é um mero funcionário da escala de produção que até então só estava ali cumprindo ordens. Antes de tudo, você foi contratado para resolver problemas. Assuma o seu problema e vá consertar.

Estou dizendo tudo isso pois há exatamente 9 dias eu realizei um sonho de comprar meu primeiro carro zero. E identifiquei um problema grave no câmbio logo que dei as primeiras voltas com meu novo carro. E ele está nesse momento parado na oficina da concessionária com um problema não identificado e sem previsão sobre o que fazer com o carro. E, no caso, comigo. Não importa o quanto eu ligue ou vá até lá várias vezes ao dia, o meu problema não está nem perto de ser resolvido.



segunda-feira, 11 de junho de 2012

Quer uma marca maior? Faça promessas maiores.


A primeira regra da construção de marcas: "mantenha suas promessas"

Se você diz que vai chegar todos os dias às 08h00, chegue. Todos os dias.
Se você diz que seu serviço é excelente, entregue um serviço excelente.
Se as circunstâncias ou prioridades mudarem, invista para trazê-las de volta. Ou diga a verdade - e a sustente.
Se o trânsito puder atrapalhar, planeje-se.  
Existe, de verdade, algum volume incomum de ligações? Sério?

Quer uma marca maior? Faça promessas maiores. E as mantenha.
Traduzido do blog do Seth Godin

segunda-feira, 4 de junho de 2012

Todos queremos ser jovens!



Geração X, Y e Baby Boomers. Belo vídeo sobre o comportamento e uma baita aula de marketing!

Indicação do André Froes =)

terça-feira, 22 de maio de 2012

É tempo de empreender

A queda na taxa básica de juros (SELIC) e o indicativo de que novas reduções virão fizeram com que alguns investimentos deixassem de chamar atenção. Algumas das opções para guardar dinheiro estão, gradativamente, perdendo o apelo.

Vamos repassar algumas destas alternativas de investimento. Quem tem uma grana guardada hoje pode apostar, por exemplo:
- na poupança, que não é uma aposta porque praticamente não tem risco, mas vai render muito pouco acima da inflação de agora em diante
- na renda fixa, onde os ganhos ficarão cada vez menores
- em imóveis, um mercado que está saturado em boa parte do país, com empreendimentos sendo lançados a altos preços e onde as oportunidades diminuem a cada ano
- na bolsa, um barco bastante danificado pelas tempestades internacionais dos últimos anos e que tem pouca previsão de maré tranquila nos próximos anos
- em empresas

Eu acredito que ainda existem muitas (boas) oportunidades em investimentos imobiliários ou no mercado de ações. Vejo também que a renda fixa e a poupança ainda têm fôlego para trazer bons resultados. Contudo, a tendência é de que essas opções apresentem riscos cada vez maiores e retornos cada vez menos elevados.

Abrir um negócio, no entanto, é muito arriscado, mas pode trazer retornos financeiros incomparáveis. Além disso, das opções citadas, empreender é a que depende menos de fatores externos e mais da sua capacidade de planejar e executar.

Será que não está na hora de você começar seu próprio negócio?
Dê uma olhada no que diz Mauro Halfeld, da CBN: http://glo.bo/KqhfCJ

Nas próximas semanas, falaremos sobre onde empreender, características de um bom empreendedor e muito mais.

terça-feira, 8 de maio de 2012

Outback - aprenda atendimento com quem sabe!





Cara, eu sou vegetariano (putz, sério?!) e mesmo assim, tenho o Outback como um dos meus restaurantes favoritos. Eles praticamente não têm opções de pratos sem carne, mas eu sempre que posso, faço uma visita.

Imagine isso: você oferece algo tão bom que seu público se extrapola. Você vende flores para quem não gosta de flores. Rock para quem só ouve axé. Bala de côco para quem não come doce.

O Outback é assim. Há algo no restaurante, na experiência que eu passo lá dentro, que me faz querer gostar do local, mesmo ignorando boa parte do menu. Quais são os segredos da empresa que oferece os “momentos Outback”? 



“Isso vem de uma filosofia muito especial. A gente se importa. E, principalmente, a gente se importa com as nossas pessoas”, explica Salim Maroun, presidente da empresa.

Poisé, simples assim. O truque do Outback é o seu atendimento. E, para o seu presidente, a fundação do atendimento são as pessoas.



“Se nós cuidarmos das nossas pessoas, elas cuidarão da nossa empresa”, diz Maroun. São 3600 funcionários, todos treinados para serem sócios da empresa. O Outback tem a menor rotatividade de funcionários do setor e ostenta uma marca ainda mais bacana: boa parte dos donos de franquia são ex-funcionários. Os empregados vestem a camisa porque sabem que podem ser donos daquela camisa no futuro.



Outro ponto especialmente importante é a referência de atendimento. A meta não é entregar um bom serviço, mas sim algo que encante o cliente (quem conhece o Guy Kawasaki sabe bem o que encantamento significa...)



O presidente conta que “todo e qualquer momento da experiência de um cliente tem que ser encantador" e pede "Por favor, use o Outback para o seu momento mágico”.

Assita o vídeo abaixo e aprenda com que sabe. 
E depois passe lá no restaurante para tomar um chopp e premiar os caras pelo ótimo trabalho =)


http://bit.ly/KaU7tE 

domingo, 29 de abril de 2012

Sua próxima apresentação podia ser assim



Inconformismo.

Essa é a diferença entre alguém que realmente se dedica e o resto, que fica fazendo e refazendo as mesmas coisas ano após ano.

Caíram as vendas? Solta uma página dupla, no capricho.
Reunião para encantar o cliente? Dá-lhe template básica do Power Point.

Poxa, tem tanta coisa que dá para fazer... por que contentar-se com o que todo mundo já fez?

terça-feira, 24 de abril de 2012

Ser social dá dinheiro - e custa pouco!




No post Ser social dá dinheiro, um dos nossos leitores (anônimo, infelizmente) perguntou como as pequenas empresas podem realizar seu papel social com pouquíssimos investimentos. Além das sugestões do post anterior, seguem mais algumas idéias e truques:

- Oferecer espaço para artistas ou bandas novas:
Quase todo negócio tem um espaço físico. Por que não disponibilizar suas paredes e corredores para artistas plásticos? Isso costuma dar um bom retorno de mídia.

- Fazer trabalho voluntário ou incentivar o trabalho voluntário dos funcionários:
Ótima ferramenta de motivação e também uma garantia de retorno de mídia.

- Doar parte da renda de uma promoção:
Ao invés de fazer um “leve três, pague dois”, por exemplo, você poderia oferecer um “pague dois e doe um”.

- Promover mini-eventos:
Ajuda a estabelecer e criar redes de contatos. Sugestões: palestras, apresentações de ongs, jantares sociais, corridas, plantios de árvores, doações de sangue, etc.

- Usar as isenções fiscais para incentivar o esporte e a cultura:
Há um ótimo texto aqui, sobre como fazer isso.

- Recepção de doações:
Aproveitar o espaço físico para receber doações de roupas, alimentos, etc.

E por aí vai! Alguém tem mais alguma idéia para compartilhar?

sexta-feira, 13 de abril de 2012

Tippex dá show (outra vez) no youtube

Simplesmente espetacular!

O primeiro vídeo da campanha do Hunter Shoots a Bear (http://youtu.be/4ba1BqJ4S2M) já era espetacular (tinha entrado no nosso "Top Viral"). O segundo é ainda mais impressionante.

Divirta-se.

Recomendo os anos 1980, 1929, 1989, 2002 e pelo menos mais uns 15 que você queira tentar!

segunda-feira, 9 de abril de 2012

Ser social dá dinheiro

"Esse blog foi criado com papel digital certificado FSC". Papel digital o quê? Papel digital?

Toda empresa deveria defender uma causa, porque toda marca tem que ter um conteúdo. Aaker diz que “nada é mais emocional que a marca em uma organização”. O sucesso de uma marca depende da sua capacidade em criar uma ligação emocional com seus consumidores. Por isso as empresas investem tanto em anúncios e spots, mesmo quando estes não têm nenhum apelo de venda. Por isso as verbas com eventos e patrocínios sobem a cada ano.

Eu acredito que toda organização existe para transformar o ambiente do qual faz parte. Admiro as pessoas que sabem multiplicar dinheiro investindo em uma empresa aqui, comprando e revendendo imóveis ali e combinando os ganhos dessas operações com a compra de títulos do tesouro que vencerão nos próximos 15 anos. Mas eu sou apaixonado mesmo é por aqueles que criam negócios (e ganham dinheiro) transformando a vida das pessoas - seja melhorando a vida dos consumidores diretamente com seus produtos ou usando o poder de influencia da empresa para atuar em frentes que não estão diretamente relacionadas com o negócio central (core business, se você preferir).

Por isso, uma das formas mais poderosas de marketing que existe é dotar a sua marca de uma personalidade. Um dos melhores conteúdos que você pode dar para a sua marca é fazer com que ela extrapole o universo das lojas e chegue até o universo das casas, famílias e escolas.

É melhor que as associações tenham a ver com o negócio, mas isso não é uma regra. A regra é associar-se a temas que são caros aos seus consumidores. Empresas de mídia, por exemplo, podem se associar a causas regionais. Aqui em Londrina há um jornal que se associou à luta pela segurança (Jornal de Londrina), por exemplo, e também uma emissora de rádio (CBN) que busca melhorias para o aeroporto.

Temos outros casos famosos, como as campanhas super políticas da Benneton, que nada tem a ver com a venda de roupas ou o Criança Esperança da rede Globo (que não está ligado às novelas e programas de auditório). As empresas investem em responsabilidade social porque querem fazer alguma diferença na sociedade em que estão inseridas ou porque acreditam que ao fazer isso vão vender mais os seus produtos. Por que não juntar as duas coisas?

Como Aaker disse, as marcas são emocionais. O processo de compra também não está baseado na razão, mas sim em experiências de vida. Duvida? Você tem mais chance de comprar uma roupa se alguém disser que a marca era bacana? Você tende a ver um filme porque ele foi recomendado por um amigo? É mais provável que um filho torça pelo mesmo time do seu pai, mesmo que isso signifique sofrimento e derrotas?

A responsabilidade social corporativa só virou moda porque isso ajuda as empresas a ganharem mais dinheiro. Os selos de “Produto Orgânico”, “Empresa amiga da criança” ou “FSC” estão aí porque escolhemos comprar os produtos que tenham esses carimbos.

Ainda bem.

quinta-feira, 29 de março de 2012

Fale bem ou falem mal, mas falem de mim



Qual o jeito certo de reagir à uma crítica? O Ser Humano é bicho estranho. A ciência chama de Ser racional, mas dá quase para trocar o termo por Ser emocional. Seja na vida ou nos negócios, críticas incomodam mesmos àqueles que sabem lidar com elas. Só que, diferente do lado pessoal, nos negócios as críticas precisam de um cuidado especial. No lado pessoal, é desconfortável você ser criticado perante seus pais, irmãos, tias e primos. Nos negócios, é a sua empresa que será criticada perante seus pais, irmãos, tias, primos E O RESTO DO BRASIL.

Um exemplo bem especial é o site Reclame Aqui, uma plataforma livre em que clientes podem postar suas reclamações e receber respostas diretamente das empresas pelo site. Grandes empresas lideram a quantidade de reclamações, como o caso do segmento de telefonia. Mas outras grandes empresas estão no ranking das que mais apresentam soluções, como o caso da Nestlé. As opiniões das empresas são divididas sobre os benefícios desse site.

Outro dia li uma entrevista com o sócio da Alcevi, uma agência de viagens de SP, em que ele afirmava que por mais que a reclamação seja resolvida, a marca da empresa – que foi construída durante 16 anos – fica manchada e isso traz problemas graves, como (por exemplo) a dificuldade em participar de licitações. Já a Rally, uma empresa de acessórios automotivos, enxerga como uma oportunidade para identificar falhas no processo. A empresa contratou transportadoras independentes para solucionar os problemas de entrega expostos por clientes no Reclame Aqui.

Para ilustrar o post, convido vocês a entrarem no site do absorvente interno O.B. Eles tiraram um produto do mercado americano e os clientes reclamaram demais por não encontrarem mais aquele modelo específico em farmácias e mercados. A O.B. encontrou uma forma muito inteligente – já que atingiu em cheio o Ser emocional – de consertar. O vídeo é um pedido de desculpas personalizado ao cliente. E ainda oferece um desconto na próxima compra. Confiram:

http://www.obtampons.ca/apology



segunda-feira, 26 de março de 2012

Profissional liberal, quem é que está vendendo o seu peixe?


Essa semana eu estava conversando com uma amiga, fisioterapeuta, sobre o negócio dela. No meio da conversa, ela me disse que algo que ficou na minha cabeça: “às vezes, a clínica fica vazia” e ela tem que passar um bom tempo lá “esperando os clientes aparecerem”.

É normal, principalmente no começo da carreira, que esses profissionais tenham tempo livre. Dentistas, advogados, nutricionistas e psicólogos, entre outros, costumam demorar alguns anos para deixar suas agendas sem buracos.

Mesmo com uma estrutura boa (consultórios e escritórios bacanas) e bom material de comunicação (cartão de visita arrojado, pequenos anúncios ou placas, site no ar), parece que fica faltando algo que só o tempo pode trazer.

Só que tempo é justamente o que sobra! Dinheiro falta, mas o relogio costuma andar devagar para essas pessoas. E como usar o seu tempo para ter menos tempo sobrando?!

- faça trabalho voluntário: ofereça seus serviços de graça a quem não pode pagar (gente carente, ongs, etc.). Tem gente que fala que você não pode dar o seu ganha pão de graça... eu discordo totalmente. Trabalhar de graça (para quem não pode pagar, que fique claro) te permitirá praticar o que aprendeu, trará recompensas emocionais e ainda será uma vitrine enorme para o seu trabalho.

- ofereça-se para dar palestras e entrevistas: você sabe alguma coisa que a maioria da população não sabe. Divida isso com os outros. As palestras e entrevistas são ótimas ferramentas de marketing pessoal e ainda te ajudam a se aprofundar seus conhecimentos.

- visite os especificadores: todo mundo tem que saber vender o próprio peixe. Quem pode te trazer novos clientes? Médicos? Associações? Empresas? Jornalistas? Pegue um pedaço do seu tempo livre e visite-os. Apresente-se para as pessoas que deveriam conhecer você.

- crie um blog: o blog reúne um pouco das três ações anteriores. Além de se informarem na internet antes de buscar qualquer tipo de profissional, as pessoas querem saber do que você é feito. Mostre que você tem conteúdo!

(ótimas) Sugestões da Loraine:
-para quem gosta de escrever, procure algumas revistas do seu segmento profissional e ofereça um artigo gratuito. Essas mídias correr demais atrás de pauta.

-além de fazer um blog, participe de outros. Rola bastante discussão nos comentários. Além de ficar conhecido, você aprende!

Tem espaço livre na agenda? Então mãos à obra!

quinta-feira, 22 de março de 2012

O Marketing da SUSTENTABILIDADE


Mais da metade de todas as emissões de carbono liberadas na atmosfera são geradas por cinco países – segundo ranking publicado em Dezembro de 2011 durante a COP 17: China, EUA, Índia, Rússia e Japão. O nosso Brasil vem logo em seguida, ocupando a 6ª posição e sendo responsável pela produção de 1.144 megatoneladas derivados do uso energético. Diante disso, o país vem fortalecendo as suas organizações socioambientais e, consequentemente, a quantidade de empresas engajadas nas questões sociais se multiplicam e buscam alternativas para contribuir com o meio ambiente.

A gente sabe que os consumidores estão mais exigentes e, mais do que isso, conscientes em relação às questões sociais. São inúmeras possibilidades na hora de escolher um produto ou um serviço, e com características cada vez mais semelhantes: preço, tamanho, design, especificações técnicas, etc. O bombardeio diário de informações sobre taxas, índices, participações, alianças, etc. que associam as empresas à ações sociais, faz com que o consumidor fique atento aos detalhes mais subjetivos no momento de optar pela empresa que irá atendê-lo. Ou seja, as empresas sentem necessidade de ir além e trabalhar por alguma causa, e não apenas para comercializar alguma coisa.

Ei, você aí do Marketing, consegue associar a marca da sua empresa em alguma ação de sustentabilidade - mesmo que ela for fabricante de pregador de roupa? Além de ficar bem visto pelo seu cliente, sua empresa contribui com o meio ambiente.

E lembre-se: não basta só fazer alguma coisa, precisa MOSTRAR ao cliente que você fez!

Veja algumas empresas que utilizaram o gancho da sustentabilidade em seus anúncios:







terça-feira, 20 de março de 2012

Crise? Empresas européias que ignoraram o caos de 2011

A lista de empresas abaixo tem algo muito bacana em comum: mesmo em tempos de crise (global/européia/americana), conseguiram ótimos resultados no ano pasado.

Como vocês poderão observar, esse sucesso deve-se a fatores de antecipação da crise e não de reação a ela. Ações como diversificação, internacionalização, aposta em segmentos diferentes (luxo ou jogos, por exemplo) são estratégias de longo prazo.

Moral de história: tenham planos B, C e D e se adiantem aos cenários possíveis. Nunca é demais.

Volkswagen
Resultado: recorde de lucro
Por quê? Teve boa ajuda das marcas de luxo como Bentley, Porsche e Audi.

L’oreál
Resultado: 5,1% a mais de faturamento
Por quê? Bons números em mercados emergentes como a América Latina.

Luxottica (fabricante da Ray-Ban)
Resultado: aumento de 13% no lucro
Por quê? (essa fica para vocês indicarem)

British Airways/Iberia
Resultado: Aumentou o lucro líquido de 10 para 555 milhões de euros
Por quê? A British Airways e a Iberia anunciaram a fusão em janeiro de 2011 para reduzir custos

Heineken
Resultado: lucro líquido global da Heineken cresceu 9,2%, somando 1,5 bilhão de euros.
Por quê? Cresceu mais de 6% só no Brasil

Casino
Resultado: os varejistas lucraram 568 milhões de euros em 2011, 6,6% a mais na comparação com 2010
Por quê? Forte crescimento nos mercados emergentes e pela recuperação na França no segundo semestre.

HSBC
Resultado: lucro 27,2% maior em 2011, totalizando 16,8 bilhões de dólares.
Por quê? Forte desempenho das operações comerciais, que ajudou a compensar os retornos mais fracos da divisão do banco de investimento.

Vivendi
Resultado: lucro líquido de 2,95 bilhões de euros em 2011, uma alta de 9,4% em relação ao ano anterior.
Por quê? Forte crescimento das atividades do grupo no Brasil com a GVT e a lucratividade excepcional gerada pelos videogames da Activision Blizzard.

Airbus
Resultado: crescimento de 87% no lucro em relação ao ano anterior
Por quê? Em 2011, o número de encomendas de aeronaves foi recorde também. No período, foram registrados 1.419 pedidos.

terça-feira, 13 de março de 2012

Mapas x GPS



No último post, bloguei um texto bem bacana do Pedro Camargo sobre o neuromarketing. O texto compara as pesquisas de mercado tradicionais (modelos como questionários, etc.), que “pedem” informação aos consumidores, com o neuromarketing, que “extrai” as informações diretamente do cérebro deles.

A tese do autor, mal resumindo, é a de que as pesquisas tradicionais são muito influenciadas pela memória dos consumidores e por seu estado de espírito, o que não traduz necessariamente a realidade. Além disso, este tipo de pesquisa cobre somente dados do passado e não assume que uma infinidade de eventos e comportamentos diferentes ainda possa acontecer e não foi considerada.

O neuromarketing, por outro lado, tem a capacidade de identificar comportamentos no momento em que eles ocorrem, captando-os antes de que passem pelos filtros emocionais.

Eu acredito que muito do futuro do marketing passa por estudos neurológicos, mas acho que esta é uma técnica que vai influenciar muito mais determinadas áreas que outras. O varejo, por exemplo, ficará cada vez mais adaptado às nossas reações físicas, mas outras áreas (como B2B, por exemplo) sofrerão pouca influência.

Hoje, a maioria das empresas não têm o que fazer com neuromarketing. Primeiro, porque não têm dinheiro. Segundo porque há inúmeras outras áreas a serem desenvolvidas e que farão mais diferença.

Neuromarketing é uma fronteira para as companhias que já têm seus mercados estagnados e lutam para crescer 0,05% a mais, dentro de um faturamento de centenas de milhões. A grande maioria das empresas, no entanto, ainda tem diversas frentes para trabalhar.

Se esse é o seu caso, continue fazendo as pesquisas tradicionais e usando os dados para agir. Mapa não é a mesma coisa que GPS, mas costuma funcionar tão bem quanto. E é muito mais barato.

segunda-feira, 12 de março de 2012

A pesquisa de mercado e a lógica do peru***

*** texto de autoria de Pedro Camargo, postado no Mundo do Marketing

Começo esse capítulo com a história que Nassim Taleb conta no livro “The Black Swan” e que permeia todo o seu pensamento: de que por natureza e aprendizado filogenético, temos mecanismos cerebrais que não nos permitem perceber os cisnes negros e apenas enxergar os brancos. Isto é, não nos atentamos ao que não aconteceu e poderia ter acontecido, eliminamos as incertezas e tomamos como padrão o passado.

Se ocorrer, poderá repetir-se, caso contrário não existe. O que é uma falácia enorme e uma miopia que assola as ciências sociais e atinge diretamente o marketing e suas ações com base no comportamento humano, incluindo-se ai a pesquisa qualitativa de comportamento do consumidor.

Um peru passa 1000 dias sendo alimentado e cuidado por seu dono e no milésimo primeiro ele, sem aviso prévio, é abatido. Esta aí uma metáfora prefeita sobre o tal do cisne negro a que Taleb se refere. Durante todo esse período o peru achou que estava amparado por alguém e adota um padrão de comportamento condizente com esse fato, sem pensar no que poderia acontecer algo inédito, não esperado.

Nós somos assim em nosso comportamento no transito, por exemplo. Nada vai me acontecer, porque até hoje não aconteceu! É o propósito da sobrevivência em nosso cérebro reptiliano que nos faz agir assim. Os empresários, com apoio da pesquisa de comportamento do consumidor, também tomam medidas, planejam ações para até 3.000 dias futuros em cima dos 1.000 dias que se foram. Ele é o peru que acredita fielmente no dono.

A questão é que nosso cérebro adota padrões ligados a acontecimentos passados e não conta com imprevistos futuros. E este mecanismo é ancestral e tem a função de tentar entender o mundo que nos rodeia. Mesmo quando planejamos o futuro é em função de fatos passados, dados do que já aconteceu e projeções em cima deles.

Assim é a previsão de demanda no Marketing e por isso é tão incerta. Na verdade não contamos com o inesperado, que pode acontecer, mais do que isso, o ignoramos sistematicamente. Nossos cérebros são fabricas de explicações que vivem atribuindo sentido a tudo, sempre buscando e acumulando na memória explicações para todas as ocasiões sem aceitar a idéia do imprevisto.

Na pesquisa de mercado, como é feita tradicionalmente, quando criamos as hipóteses já estamos eliminando o imprevisto, pois o relatado pelo consumidor deve encaixar-se numa das alternativas, no molde que criamos para identificar comportamentos de escolha e compra. As questões são armadas para chegar a um ponto em que se acredita ser chave e não livres para o sujeito consumidor divagar e se expressar sem um rumo, um norte já definido.

A pesquisa normalmente contempla apenas os mil dias idos do peru, sem pensar que num futuro próximo pode acontecer algo diferente do que se viu até então e sem deixar margens para o inesperado, o que seria o pulo do gato. Na verdade a pesquisa de mercado é confirmatória de algo que aconteceu, o que é um viés cognitivo.

Taleb tem uma expressão muito interessante para os outputs da pesquisa de comportamento do consumidor: “aprender de trás para frente”. Fato é que o que descobrimos do passado pode revelar-se irrelevante ou ainda enganador, falseando os resultados. Bem provável ser este o motivo de tantos novos produtos falharem e morrerem cedo demais, mesmo a empresa tendo feito pesquisa de mercado de intenção do consumidor.

A pesquisa de neuromarketing é diferente e promissora porque não trabalha com o passado, mas sim com tecnologias que revelam o estado comportamental atual do sujeito. Ele olha o produto e a ressonância magnética ou o eletroencefalograma assim como o eye tracking detectam momento a momento (milisegundos) as reações cerebrais do indivíduo. Já a pesquisa tradicional, trabalha com a memória do consumidor, que está sempre sujeita a enganos, falsas memórias, transitoriedade e outras facetas que explico melhor na parte III em que trato dos vieses.

A memória conta com o hipocampo que armazena lembranças significativas para o indivíduo, e ela é acionada de maneira indireta, com perguntas escritas ou faladas, sem se fazer uma observação direta na área cerebral. As novas técnicas de pesquisa do comportamento do consumidor são diretas, isto é, vão ao cerne do comportamento, ao órgão que os produz.

1.000 dias do peru não indicou o que viria a seguir. Essa afirmativa ilustra exatamente que o passado não lhe garante que vai acontecer no futuro, como espera a pesquisa de marketing. Mas com as novas técnicas podemos entender o que acontece no presente de maneira direta, indo especificamente ao cérebro do consumidor. Não quero dizer que os métodos de neuromarketing são infalíveis, como pregam muitas empresas que vendem este tipo de pesquisa, mas que podem junto com outras técnicas, chegar perto do real comportamento do consumidor.

Não se pode ser ingênuo de acreditar que apenas uma ferramenta nos dirá tudo sobre um ser tão complexo e por outro lado não se pode negar a importância e vitalidade do estudo das reações orgânicas na influencia do comportamento.

* Pedro Camargo é consultor, conferencista e professor de pós-graudção em Neuromarketing e Biologia do Comportamento do Consumidor.

domingo, 4 de março de 2012

Verdades absolutas


Você sabe o que aconteceu na Inglaterra no dia 08 de setembro de 1752? Eu te desafio a listar qualquer evento que tenha ocorrido em Londres nesse dia. Sabe por quê?

Porque nem o sol nasceu para os ingleses no dia 08/09/1752. Ninguém respirou. Nenhuma semente floresceu. Ninguém morreu. Ninguém fez uma pesquisa sequer no Google.

Quando o imperador romano Julio Cesar abandonou o ciclo lunar e instituiu o calendário guiado pelo sol, um erro de cálculo fazia com que cada ano perdesse 11 minutos, o que, em mil anos, gerou uns 7 dias de atraso.

Ora, Julio Cesar não contava com os cálculos dos astrônomos e matemáticos de 15 séculos depois. Quando essa situação foi descoberta, em uma canetada, o Papa Gregório XIII anulou os dias entre 5 e 14 de outubro de 1582, em Portugal, na Espanha e em outros países.

Aí é que a coisa ficou ainda mais bizarra e o mundo passou a ter dezenas de calendários. A Inglaterra só reformou o seu em 1752. O Japão, em 1873. E a Rússia finalmente acompanhou a valsa do relógio em plena revolução de 1918.

Mapa-mundi desenhado por um chinês no Séc. XV
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A história nos ensina que inúmeras “verdades” não são tão reais assim. No cotidiano das empresas, vários pilares também sustentam práticas que não são (ou não precisam ser) legítimas.

“Ah, isso não funciona aqui”. Não mesmo?

domingo, 26 de fevereiro de 2012

Assumir a 2a posição. Pode ser?


Desde a década de 1950, quando chegou ao Brasil, a Pepsi trava uma guerra com a Coca Cola pelos consumidores brasileiros. E essa briga tem sido pouco vantajosa para o lado da bebida criada pelo farmacêutico Caleb Davis Bradham em 1898.

Existem duas principais razões para que a Pepsi tenha perdido essa queda de braço até hoje, na minha opinião: a) chegar atrasado e b) gestão de marketing menos eficiente. Não, eu não acredito que o produto Pepsi seja pior que o produto Coca Cola (embora nunca tenha ido a um restaurante ou bar e pedido uma Pepsi). Eu acho que a gestão de marca e a logística da Coca são melhores, e só.

A Coca Cola sempre foi muito agressiva na sua distribuição, em todos os países em que atua. No Brasil, praticamente inexistem bares e restaurantes que não tenham um display ou uma geladeira com latinhas vermelhas. A principal estratégia da Coca Cola é (e sempre foi) estar à mão dos consumidores SEMPRE que eles quiserem. Alie o P de Ponto de Venda/Distribuição a uma excelente gestão de Produto, Preço e Comunicação e chegamos a uma das marcas mais bem administradas do mundo.

Resultado: em 2004, a Coca detinha pouco mais da metade do mercado nacional de refrigerantes, enquanto a Ambev (incluindo a Pepsi) estava estacionada em 17%. Nada mal para um mercado de mais de 3,5 mil marcas, mas pouco para quem está acostumado a ser campeã em outras áreas.


Em outros segmentos, a Pepsi Co. brilha muito mais que no setor de refrigerantes, como no caso dos salgadinhos prontos. Tudo que é Elma Chips é Pepsi. Gatorade é Pepsi. A aveia Quaker é da Pepsi. H2OH é Pepsi. Toddy? Lipton Ice Teas? Pepsi.

Acostumada a brigar pelas cabeças, a Pepsi acaba tentando igualar o feito da Coca Cola na área dos refrigerantes, sem sucesso. Ao contrário, quando assume seu papel de segunda colocada, a marca cresce. É isso que me agradam mais as campanhas do tipo “Pode ser” e “Generation Next” que as “Mais alegria” ou “Agarre a sua”. Ser o segundo colocado em um mercado de 12 milhões de litros por ano não é nada ruim. Na verdade, é uma conquista e tanto.

Slogans da Pepsi nos últimos 90 anos:
1920: Drink Pepsi-Cola, it will satisfy you. (Beba Pepsi-Cola, ela irá satisfazê-lo)
1928: Pepsi You Up.
1932: Sparkling Delicious.
1939: Twice as Much for a Nickel. (Duas vezes mais por um níquel)
1940: Pepsi hits the spot.
1943: Bigger Drink, Better Taste.
1950: More Bounce to the Ounce. (Um salto maior para a Onça - em referência ao antigo símbolo da bebida, uma onça)
1958: Be Sociable, Have a Pepsi. (Seja sociável, pegue uma Pepsi)
1961: Now It’s Pepsi for Those Who Think Young. (Agora é a Pepsi pra quem pensa jovem)
1963: Come Alive, You’re in the Pepsi Generation. (Viva, você está na geração Pepsi)
1969: You've Got a Lot to Live, Pepsi's Got a Lot to Give. (Você tem muito o que viver, Pepsi tem muito a lhe dar)
1973: Join the Pepsi people. (Junte-se ao povo Pepsi)
1976: Have a Pepsi day. (Tenha um Pepsi dia)
1979: Catch that Pepsi spirit. (Agarre esse espírito Pepsi)
1981: Pepsi’s got your taste for life. (Pepsi deixa seu sabor para a vida)
1983: Pepsi's Now! (Pepsi Já!)
1984: The Choice of a New Generation. (A escolha da nova geração!)
1986: We’ve Got The Taste.
1989: Diet Pepsi. The Right One.
1991: Gotta Have It. (Agarre a sua)
1992: Be Young, Have Fun, Drink Pepsi.
1995: Nothing Else is a Pepsi. (Nada como uma Pepsi)
1995: Drink Pepsi. Get Stuff.
1997: GeneratioNext. (Próxima Geração - com o trocadilho unindo generatioN a Next)
1999: Ask for More/The Joy of Cola. (Peça por mais/A alegria de uma Cola)
2003: It's the Cola/Dare for More. (É a Cola, peça por mais)
2007: More Happy. (Mais Alegria)
2008: Something For Everyone.
2009: Refreshing Everything.
2010: Every Pepsi Refreshes The World.

Infelizmente, a Pepsi não pode posicionar seus refrigerantes como se fosse uma Coca Cola, nem mesmo nos Estados Unidos, onde a Coca Cola normal tem 17% do mercado – segundo a revista Exame, desde 2011, os americanos compram mais Coca Light (9,9%) que Pepsi normal (9,5%).

Por isso, acho que a campanha do “Pode to be” é um acerto. Pode significar, inclusive, um aumento no lucro das operações da Pepsi no Brasil.

Só sinto falta das propagandas comparativas de outros países. Uma série de comerciais já foram produzidos nessa centenária batalha entre Pepsi e Coca. Aqui vão dois dos meus preferidos.




Fontes: Revista Exame, Guia dos Curiosos, Isto É Dinheiro, BNDES, Mundodasmarcas.blogspot.com e Mundo Estranho


sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

O que é Design Thinking?

Novo no mundo corporativo e extremamente interessante, o conceito de Design Thinking está ganhando força e já é possível encontrar cursos e artigos sobre o assunto. Em resumo, Design Thinking é um método que utiliza a criatividade e a organização para encontrar soluções para N tipos de situações. O nome faz referencia ao Design porque segue princípios semelhantes aos que os profissionais dessa área já utilizam por via de regra para desenvolver seus trabalhos. Quem é da área de marketing e comunicação sabe do que eu estou falando: para desenvolver qualquer produto, o designer pensa em como vai ser a experiência do cliente ao entrar em contato com esse produto; além disso, qualquer peça só é produzida depois de briefings e brainstorms, e a criatividade é a chave do sucesso.

Design Thinking é estender esse conceito para toda e qualquer área do mundo corporativo – e até mesmo da vida pessoa, por que não?.

Para que seja possível entender na prática, segue alguns exemplos:

HCR – Human Centred Resolution

-Design Thinking é uma abordagem que coloca o Ser Humano no centro da solução. Por exemplo, imagine que você vá projetar uma máquina de lavar roupas. Quem utiliza a máquina de lavar roupas? A dona de casa. Portanto, construa seu produto colocando ELA no centro dos interesses. A dona de casa leva os filhos para escola, trabalha e tem outras infinitas atividades: a maquina precisa ser fácil de operar. A dona de casa faz a unha toda semana e precisa mantê-las bem cuidadas: os botões da máquina não podem estragar o esmalte. A dona de casa tem boa relação com seus vizinhos: a máquina não pode ser barulhenta. E por aí vai.

Co-Criação

-“A melhor forma de ter uma boa idéia é tendo várias idéias”, disse o criador do Linux, Linus Torvalds. Para o Design Thinking, expor e organizar as idéias é a melhor forma de encontrar a solução para um problema. Porém, a maioria das pessoas tenta abraçar a causa e propor uma solução integral , o que muitas vezes não funciona. Para tanto, o Design Thinking propõe um método que ensina a expor todos os problemas, PORÉM discutir somente idéias para solucionar aqueles problemas que são possivelmente alcançáveis - e deixar de lado o que é intangível. Veja abaixo o desenho desse método:



Ei, você profissional de Marketing: acha que dá para aplicar o Design Thinking no seu dia-a-dia corporativo?

Colaboração: Michell Jabur

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Escolhas demais

Sheena Iyengar afirma que, em dia normal, um norte-americano comum toma cerca de 70 decisões. Se esse cara for um diretor de uma empresa, ele toma conta de 139 assuntos diferentes por semana – cada um deles composto de inúmeras sub-decisões.

Em uma visita ao site da Seda, agora há pouco, contei 20 linhas de produtos para cabelo e quase todas são compostas de 3 ou 4 produtos. Isso quer dizer que, se cada marca me oferece 20 opções de condicionador, um supermercado mediano, para ter um mix de produto razoável, deve chegar a mais de uma centena de produtos para cabelo.

Entendo a posição do fabricante, que tenta segmentar ao máximo seus produtos, mas é contraproducente ter essa infinidade de produtos em um varejo.

A Sra. Iyengar fez um teste simples. Em um supermercado, montaram duas banca de degustação de geléias: a primeira tinha 6 variedades e a segunda, 24.

A mesa com maior número de opções atraiu a atenção de 50% mais pessoas que a com menor variedade. No entanto, a barraca de 6 itens registrou um índice de vendas após a degustação 10 vezes maior que a banca com 24 variedades.

Escolher demais cansa. Quantas pessoas escolhem não fazer um seguro de carro HOJE, mesmo precisando, porque há opções demais? Comprar um tênis para caminhada cansa mais que a corrida em si.

Há uns 2 anos e meio fui comprar um bolo (falso) para o meu casamento. Depois de me mostrar dezenas de fotos de bolos e chegar mais ou menos no estilo de bolo que queríamos, a vendedora passou à parte mais específica da conversa:
- vocês querem um bolo quadrado ou redondo?
- com 2, 3 ou quatro andares?
- querem lacinhos, bolinhas ou flores? Onde?
- os andares devem ser todos quadrados, todos redondos ou uma mescla entre andares quadrados e redondos?
- qual andar deve ser cortável? O primeiro ou o segundo?
- o suporte deve ter 5 ou 10 cm de altura?
- vocês querem que o suporte seja de vidro, prata ou dourado?
-....

Não me entendam mal. A boleira deve saber fazer os mais variados tipos de bolo e deve ter uma gama de opções enorme. Mas ela não precisa me apresentar todas.

Quando temos opções demais, escolhemos não escolher. Escolhemos não comprar.

It’s a typical situation in these typical times. Too many choices…

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

A Classe C chegou. E faz tempo!


#fatos
- Quando uma família cruza a fronteira da classe D para a classe C os gastos com turismo triplicam.
- A chegada à classe C significa a compra do primeiro carro da família, em boa parte dos casos.
- Cerca de 40 milhões de brasileiros passaram a fazer parte da classe C nos últimos 9 anos.

Além de turismo e carro, essa turma está consumindo em restaurantes, aumentando a banda da internet, comprando maquiagem... se integrando às ondas de compradores do país.

Isso tudo não deve ser novidade para você. Eu estou escrevendo esse post, na realidade, para fazer dois alertas:
1) Há pouquíssimos profissionais de marketing no mercado preparados para lidar com essa demanda. Se você está procurando uma área para se especializar, invista em tornar produtos, marcas e serviços acessíveis à classe C. Pouca gente faz isso bem no Brasil.
2) Embora essa onda esteja rolando há muito tempo, e apesar de quase todas as grandes empresas do mundo estarem de olho no nosso mercado, nossos pequenos e médios empresários parecem estar deixando o bonde passar.

Que produtos e serviços você poderia criar para a classe C?
Você está pensando nisso?