domingo, 26 de fevereiro de 2012

Assumir a 2a posição. Pode ser?


Desde a década de 1950, quando chegou ao Brasil, a Pepsi trava uma guerra com a Coca Cola pelos consumidores brasileiros. E essa briga tem sido pouco vantajosa para o lado da bebida criada pelo farmacêutico Caleb Davis Bradham em 1898.

Existem duas principais razões para que a Pepsi tenha perdido essa queda de braço até hoje, na minha opinião: a) chegar atrasado e b) gestão de marketing menos eficiente. Não, eu não acredito que o produto Pepsi seja pior que o produto Coca Cola (embora nunca tenha ido a um restaurante ou bar e pedido uma Pepsi). Eu acho que a gestão de marca e a logística da Coca são melhores, e só.

A Coca Cola sempre foi muito agressiva na sua distribuição, em todos os países em que atua. No Brasil, praticamente inexistem bares e restaurantes que não tenham um display ou uma geladeira com latinhas vermelhas. A principal estratégia da Coca Cola é (e sempre foi) estar à mão dos consumidores SEMPRE que eles quiserem. Alie o P de Ponto de Venda/Distribuição a uma excelente gestão de Produto, Preço e Comunicação e chegamos a uma das marcas mais bem administradas do mundo.

Resultado: em 2004, a Coca detinha pouco mais da metade do mercado nacional de refrigerantes, enquanto a Ambev (incluindo a Pepsi) estava estacionada em 17%. Nada mal para um mercado de mais de 3,5 mil marcas, mas pouco para quem está acostumado a ser campeã em outras áreas.


Em outros segmentos, a Pepsi Co. brilha muito mais que no setor de refrigerantes, como no caso dos salgadinhos prontos. Tudo que é Elma Chips é Pepsi. Gatorade é Pepsi. A aveia Quaker é da Pepsi. H2OH é Pepsi. Toddy? Lipton Ice Teas? Pepsi.

Acostumada a brigar pelas cabeças, a Pepsi acaba tentando igualar o feito da Coca Cola na área dos refrigerantes, sem sucesso. Ao contrário, quando assume seu papel de segunda colocada, a marca cresce. É isso que me agradam mais as campanhas do tipo “Pode ser” e “Generation Next” que as “Mais alegria” ou “Agarre a sua”. Ser o segundo colocado em um mercado de 12 milhões de litros por ano não é nada ruim. Na verdade, é uma conquista e tanto.

Slogans da Pepsi nos últimos 90 anos:
1920: Drink Pepsi-Cola, it will satisfy you. (Beba Pepsi-Cola, ela irá satisfazê-lo)
1928: Pepsi You Up.
1932: Sparkling Delicious.
1939: Twice as Much for a Nickel. (Duas vezes mais por um níquel)
1940: Pepsi hits the spot.
1943: Bigger Drink, Better Taste.
1950: More Bounce to the Ounce. (Um salto maior para a Onça - em referência ao antigo símbolo da bebida, uma onça)
1958: Be Sociable, Have a Pepsi. (Seja sociável, pegue uma Pepsi)
1961: Now It’s Pepsi for Those Who Think Young. (Agora é a Pepsi pra quem pensa jovem)
1963: Come Alive, You’re in the Pepsi Generation. (Viva, você está na geração Pepsi)
1969: You've Got a Lot to Live, Pepsi's Got a Lot to Give. (Você tem muito o que viver, Pepsi tem muito a lhe dar)
1973: Join the Pepsi people. (Junte-se ao povo Pepsi)
1976: Have a Pepsi day. (Tenha um Pepsi dia)
1979: Catch that Pepsi spirit. (Agarre esse espírito Pepsi)
1981: Pepsi’s got your taste for life. (Pepsi deixa seu sabor para a vida)
1983: Pepsi's Now! (Pepsi Já!)
1984: The Choice of a New Generation. (A escolha da nova geração!)
1986: We’ve Got The Taste.
1989: Diet Pepsi. The Right One.
1991: Gotta Have It. (Agarre a sua)
1992: Be Young, Have Fun, Drink Pepsi.
1995: Nothing Else is a Pepsi. (Nada como uma Pepsi)
1995: Drink Pepsi. Get Stuff.
1997: GeneratioNext. (Próxima Geração - com o trocadilho unindo generatioN a Next)
1999: Ask for More/The Joy of Cola. (Peça por mais/A alegria de uma Cola)
2003: It's the Cola/Dare for More. (É a Cola, peça por mais)
2007: More Happy. (Mais Alegria)
2008: Something For Everyone.
2009: Refreshing Everything.
2010: Every Pepsi Refreshes The World.

Infelizmente, a Pepsi não pode posicionar seus refrigerantes como se fosse uma Coca Cola, nem mesmo nos Estados Unidos, onde a Coca Cola normal tem 17% do mercado – segundo a revista Exame, desde 2011, os americanos compram mais Coca Light (9,9%) que Pepsi normal (9,5%).

Por isso, acho que a campanha do “Pode to be” é um acerto. Pode significar, inclusive, um aumento no lucro das operações da Pepsi no Brasil.

Só sinto falta das propagandas comparativas de outros países. Uma série de comerciais já foram produzidos nessa centenária batalha entre Pepsi e Coca. Aqui vão dois dos meus preferidos.




Fontes: Revista Exame, Guia dos Curiosos, Isto É Dinheiro, BNDES, Mundodasmarcas.blogspot.com e Mundo Estranho


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