terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Inventaram a roda!

Lanche do Bobs por R$ 5. Sanduíche de Pernil mais famoso da cidade por R$ 3. Quatro chopp + porção de batata no bar da moda por R$ 10.

Partindo do princípio que brasileiro adora promoção – e mais: tem verdadeira paixão por cartão de crédito – os sites de compra coletiva estão se ploriferando como uma espécie de vírus do consumismo e já estão presentes em quase todas as cidades de médio e grande porte do país. Obviamente que a ideia é copia de uma modelo de negócio que começou nos EUA em 2007. Porém, aqui tem funcionado perfeitamente e no último mês devem ter nascido centenas desse sites por dia.

Tenho certeza que um par de empresários com espírito empreendedor pensou: por que não inventei isso antes? A idéia é bem simples: atacado. Vender em maior quantidade por um menor preço. O mecanismo também é relativamente simples: programa um site, faz link com servidores de cartão de crédito e mantém parceria com os estabelecimentos nos mais diversos segmentos. Claro que os donos desses sites precisam ser cautelosos na hora de fazer a coisa toda girar de forma dinâmica. Mas, vamos concordar: é uma forma fácil de ganhar dinheiro.

Os donos desses sites tem praticamente custo zero de manutenção do negócio e lucram de 20 à 50% por produto vendido. Veja o exemplo de um dos sites que anunciou o lanche do Bobs por 5 reais e vendeu 4796 unidades em dois dias! É só fazer as contas. No ponto de vista dos proprietários do site, não há dúvidas quanto a eficiência do negócio. A questão é: vale a pena para as empresas anunciarem em um site desse?

Abaixo alguns pontos que, ao meu ver, devem ser levados em consideração antes da empresa decidir se deve ou não anunciar nos sites de compra coletiva:

Mídia do momento.

Associar a marca da empresa em uma mídia que está em alta é ponto positivo. Correr na frente do concorrente também. É um modelo de negócio recente e inovador. Por isso, fica difícil saber se a febre vai continuar por muito tempo. Se for para tomar a decisão de anunciar, que seja tomada o quanto antes. Deve ter uma fila de empresas querendo ofertar algum produto ou serviço.

Alta demanda. Está preparado?

As chances da empresa obter sucesso na oferta são grandes. O estabelecimento tem que estar preparado para atender a demanda de clientes gerados pelo site da promoção. Estoque alto é premissa básica de quem quer anunciar. Mas os cuidados vão além. Já ouvi reclamações – inclusive, já presenciei – a respeito do péssimo atendimento dispensado à clientes que apresentam o cupom do desconto na compra do produto/serviço. A empresa tem que estar ciente de que há quem vai consumir somente os itens do voucher e nada mais. É uma excelente oportunidade de colocar em prática o marketing de relacionamento, fidelizando o cliente para que ele retorne no local mesmo sem promoção.

Vale a pena o prejuízo?

Como os sites operam com preços realmente abaixo da média, muitas vezes é necessário que a empresa oferte seu produto/serviço por um valor abaixo do custo real, o que demanda prejuízo por cada produto vendido. O interessante é que a maioria desses canais permite que a empresa estabeleça a quantidade mínima e máxima de unidades que deseja vender. Assim, a empresa fica no controle do valor real do prejuízo que vai levar. Em contrapartida, devido ao grande número de e-mails cadastrados (e, bem lembrado, de forma voluntária), o prejuízo pode ser suprido pela enorme quantidade de pessoas que terão acesso à promoção. É como se o valor do prejuízo fosse convertido em investimento em uma propaganda institucional, com visibilidade da marca e do produto.

Quem está vendo?

Apesar disso, é preciso ter cuidado para qual público seu produto será direcionado. O marketing de massa pode ser um fracasso caso o público desses sites não esteja de acordo com o consumidor potencial do seu produto. Aí, de nada vale estar na mídia do momento se os resultados são desfavoráveis ao seu negócio.

Não interessa, o importante é que alguém está vendo!

Para produtos/serviços novos, pode ser uma porta de entrada no mercado. O público não é o ideal. Porém, o prejuízo é calculável e o valor do investimento é bem menor do que outra propaganda convencional. Pensando por esse prisma, para algumas empresas pode ser vantajoso deixar de lado o foco nas vendas e priorizar a divulgação da marca. Mesmo assim, é preciso traçar estratégias, pois o pensamento vai contra o objtivo dos sites, que é: vender mais por menos.

4 comentários:

  1. Realmente a cada dia aparece mais sites novos desse tipo!! Acho ótimo apesar de ainda não ter utilizado.

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  2. Bom, não precisa ser necessariamente um prejuízo, né?! Pode ser só uma margem menor de lucro ou queima de estoque, tb!

    Parece, como vc falou, uma maneira interessante de promover a degustação do produto e tentar fidelizar quem provar =)

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  3. No caso de algumas empresa o prejuízo é necessário. Por exemplo, para que os sites aceitassem vender o rastreador portátil da GolSat, levaríamos 100 reais de prejuízo por equipamento. E o cliente compraria um e nada mais, não teria como compensar o valor (como acontece com bar, que acaba vendendo outros itens do cardápio). Aí é que precisa pensar bem quais as vantagens subjetivas que compensam esse prejuízo! =/

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